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Em pé: André Akkari, Rafael Culica, Epifani, Eu, Adriano Akkari, Ivan Ban Martins, Rafa, de camisa azul celeste, Piero e Bozzano. Agachados: Versulotti, Fábio Maia e Pedro Padilha no primeiro QG Akkari Team

“To indo, quinta quimio, ja tive boas notícias, segue o baile. Perdi cabelos, peso e centímetros de pênis. Abraços ;)”. Foi assim que Rafael Fernandes, ex-jogador de poker do Akkari Team e dealer respondeu no twitter a uma pergunta minha, durante a transmissão do BSOP Millions, sobre o seu estado. Isso foi no dia 30 de novembro do ano passado. A resposta me chocou. Eu fazia transmissão com meu parceiro eterno, Vini Marques, e tive que parar porque era inacreditável ver o quão bem o Rafa encarava aquilo. Os efeitos das quimioterapias, as dores do câncer, a gente conhece, sem ser especialista, mesmo de longe, mas o bom humor diante de uma adversidade tão grande, eu garanto: ninguém está preparado.

O último domingo, 18 de junho desse ano, corria bem, na medida do possível. Acabei ficando de fora da transmissão do Masterminds de Curitiba por força de uma conjuntivite viral. O que me gerou um stress e uma frustração muito grande. Afastado as minhas funções estava isolado, para não passar a doença, no ciclo futebol na TV, updates do cartola, scroll nas redes sociais. O que restava de bom no salutar marasmo dominical foi embora com a notícia da partida do Rafa, que perdeu a batalha para o maldito câncer. Meu amigo Lennon Haas tuitou a notícia, logo em seguida conversei com o Rafael Culica, seu parceiro de QG Akkari Team em Cabreúva e que confirmou a notícia e os últimos contatos com um bem-humorado Rafa. É duro não pensar na morte de um jovem sonhador e não chorar. É difícil a conta fechar quando uma mãe, avó ou pai tem de enterrar um filho. Mesmo meus combalidos olhos acabaram naufragando em lágrimas. A tal da vida não é mesmo justa.

Rafa nos deixou uma lição muito importante em relação a reclamações e o fazia desde antes da doença. Sempre esteve fazendo piada sobre a pindaíba sagrada dos grinders em início de carreira, deve ter tido histórias fantásticas para contar na sua viagem para Monte Carlo com Akkari, Padilha, Ban, Headão, Fabão. Tá, é muito clichê, eu sei, mas é sempre importante lembrar para nós, que vivemos o poker diariamente, que ainda existem coisas mais importantes que aquele out do vilão que aparece no river. Ou do que aquela bolha que caímos, ou qualquer coisa que o valha e que a gente acaba deixando a gente frustrado, chateado e com vontade de quebrar tudo. A gente só evolui aprendendo e garanto que aprendi bastante com o Rafa, mesmo só falando por twitter e sou grato por isso.

Que a gente nunca deixe de sonhar, de batalhar, mas que também saibamos que nos levar tão a sério não é uma opção boa e nem saudável. Valeu, Rafa! – Vou tentar representar um pouco dos teus ideias e sonhos aqui, mesmo longe das mesas. Não me deixe te decepcionar!