Na última semana, Ramon Kropmanns entrou para a história do poker nacional, sendo o terceiro brasileiro a alcançar um dos títulos mais almejados do poker online, o The Venom. A disputa contou com impressionantes 3.774 inscritos e o profissional faturou a bela bagatela de US$ 1.113.330, o terceiro maior prêmio de um tupiniquim nos feltros virtuais. “Foi sensacional, minha mãe veio correndo me dar um abraço, minha namorada também estava aqui assistindo”, contou o jogador. “Recebi muita energia, muita mensagem boa, algo surreal, que eu não tinha visto antes e isso foi fundamental para a cravada, tenho certeza”.
Por se tratar de um grande torneio, é natural o jogador passar por altos e baixos em uma jornada. Logo no início do Dia 3, o curitibano teve uma mão tão marcante que a eternizará em seu corpo. “Na hora eu fiz a promessa que ia tatuá-la. Eu passei do Dia 1 para o Dia 2 muito grande e em nenhum momento coloquei minha cabeça em risco, indo all in para cair no pré-flop até o início do terceiro dia”, recordou o profissional. “Passei para o Dia 3 e o cutoff abre e eu tenho cerca de 30 blinds, foi na segunda ou terceira mão do dia e tenho KQ em ouros, vou all in e ele paga com AK”.
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O que poderia ser um ponto final, virou esperança logo nas três primeiras cartas. “Eu fico flush draw no flop e acerto o flush no river. Então, prometi que se eu cravasse iria tatuar o KQ de ouros, em breve, marcarei esse momento histórico em minha pele”.
Ramon não é um novato no mundo do poker, tendo conhecido o jogo quando estava no ensino médio, mas se aventura nas mesas desde 2011, quando percebeu que a atividade poderia te render algum dinheiro. “Lembro da comunidade no Orkut Free Poker Money, em que o Dowgh [Douglas Ferreira] e o Pitão [Peter Patrício] participavam e a galera pedia US$ 0,10 para jogar e eu era um desses que pedia. Jogava torneios hypers e as coisas começaram a dar certo. Ganhei um trocado ali e outro aqui, mas quebrava e eu voltava a depositar, eu fazia isso, ganhava um pouco e já sacava, pois era duro, não tinha dinheiro para nada”.
Em 2015, foi fazer um intercâmbio em Dublin e começou a se dedicar mais ao poker. “Eu basicamente estudava inglês e jogava. Montei um mini setup, comprei um monitor e fiquei jogando”, recordou.
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Retornado para o Brasil em novembro do mesmo ano, procurou Thiago Cortês, que indicou o Midas Poker Team. “Cheguei no escritório e me encantei. O curioso que no mesmo dia, Guilherme Ramos, Cairo Bombarde e eu entramos para o time e hoje somos sócios”.
Ramon falou da importância do time para o resultado. “Foi o segundo resultado de sete dígitos em menos de um ano, o primeiro foi com o Caio Almeida no Millionaire Maker. Nós nos reestruturamos e a nossa máquina está redondinha, nós temos especialistas em todos os stakes com aulas em grupo e individual, aqui nós gerenciamos a carreira dos jogadores, não apenas stakeamos e ensinamos, cuidamos também da parte pessoal”.
Uma semana após o feito, o jogador ainda segue desfrutando do momento incrível que viveu na carreira. “Estou curtindo demais o momento, já tinha alcançado alguns objetivos bem grandes com o poker e esse chegou de maneira inesperada, seria muito audacioso colocar como objetivo ganhar US$ 1 milhão em um torneio no online. Estou muito feliz, um dos momentos mais felizes da minha vida e a ficha ainda vai demorar para cair”.
A preparação para a mesa final não teve nada de especial, após uma maratona de três dias muito longos, o campeão usou a quarta-feira para relaxar, fazendo academia, yoga e assistindo um filme. Apenas uma hora antes da decisão, o jogador sentou em frente ao computador, deu uma olhada na distribuição do stack e jogou apenas aquela mesa.
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Apesar dos grandes valores envolvidos, a mesa final foi relampo. Do início da decisão com oito jogadores até a formação do heads-up foram necessários apenas 90 minutos, o que surpreendeu o jogador. “Eu jamais imaginei uma FT tão rápida. Os dias foram muito longos desde o Dia 1, mais de doze horas de game play”.
O duelo final foi contra o único brasileiro bicampeão mundial, Yuri Martins. “Foi uma honra ter enfrentado ele no heads-up, um cara que é referência na comunidade há anos e jogando o high stakes há muito tempo. É um jogador diferenciado, mas ali na hora eu não pensei nisso, joguei o meu jogo fiz o máximo que eu sabia, colocando todos os neurônios para funcionar e enfrenta-lo de igual para igual”.
Depois que acabou, Ramon percebeu o tamanho do feito que havia alcançado e quem tinha vencido. “Teve um gosto mais especial. Yuri que me desculpe, mas foi gostoso ganhar dele (risos). Estive no momento que ele ganhou o bracelete em Las Vegas e tenho total admiração e respeito por ele”, brincou.
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Com três brasileiros nesta importante decisão, o campeão destacou a qualidade dos jogadores locais. “O field ‘brazuca’ é forte demais, podemos ver isso em resultados com constância no topo. A comunidade está crescendo e evoluindo cada vez mais”.
“Queria dedicar em primeiro lugar para minha mãe, no início da carreira foi muito difícil, os primeiros anos foram praticamente break-even e ela segurou as pontas em casa, sempre me apoiando. Em segundo lugar, a minha namorada que me apoia muito, acaba que não ficamos junto todos os domingos e ela é muito compreensiva, em terceiro ao meus amigos, que sempre me apoiaram, e a toda a comunidade do poker brasileiro”, encerrou Ramon Kropmanns dedicando o título.
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