Gustavo Mastelotto comandou, nessa terça-feira (12), uma aula na Maratona Reg Life fundamental para qualquer um que queira buscar sucesso no poker. Com o tema “A Natureza do jogo”, o “22ehnutzz” do online falou sobre os altos e baixos do jogo e as armadilhas que os praticantes podem encontrar em sua trajetória. Para isso, falou em detalhes sobre sua própria carreira, mostrando tudo em gráficos, e também usou exemplos de outros grandes nomes do jogo. Se você ainda não está inscrito na série, totalmente gratuita, clique aqui e aproveite a aula desta quarta-feira (13), a partir das 20h (horário de Brasília).
O craque começou, é claro, pelo início, falando sobre sua primeira upswing e a primeira downswing da vida, em 2009. “Foi um momento muito desafiador e difícil na minha vida, um turbilhão de emoções mesmo”, falou sobre o momento de perdas. “É engraçado que estou fazendo um drama disso tudo, mas é a minha verdade, foi o que eu vivi de fato. Inclusive foi nesse momento que minha família se preocupou muito comigo, e eles estavam certos, porque começaram a me enxergar como alguém ficando louco ali com o jogo, entrando quase em colapso mental”.
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Após perceber melhor a complexidade do esporte da mente e investir mais a fundo em seus estudos sobre o jogo, veio o primeiro resultado de maior relevância, com um prêmio US$ 4 mil. “Foi muito emblemático, eu investi em mim mesmo, na mesma semana eu estudei, me meti nos estudos, cresci e me desenvolvi, e no domingo ganhei um resultado imenso, então estava tudo muito conectado”, explicou. “Para mim, a mensagem foi muito clara: se eu quiser chegar no próximo nível, preciso investir em mim mesmo. Essa mensagem ecoa até hoje em mim”.
O próximo passo na carreira para buscar um novo patamar veio com a entrada no 4bet Poker Team, no final de 2012. Mastelotto passou a ter contato com vários dos principais nomes do poker nacional, mas jogava apenas por 25% de sua ação. Nos primeiros três meses, fazendo uma transição em seu buy-in médio, o gráfico do jogador apontou apenas para baixo, com prejuízo de mais de US$ 10 mil. Sempre fascinado por acompanhar seus gráficos e com um crescimento lento, mas constante, até então, ele levou um susto com a queda rápida.
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“Por mais que eu tivesse fazendo uma transição de average buy-in, foi uma coisa que abalou muito minha confiança”, relembrou, falando sobre a importância do apoio mental do time para se reerguer. Em relação à sua família, no entanto, a história foi diferente. “Se a gente estava tentando descobrir o jogo ainda, imagina a minha família. Meu pai é um empreendedor de muito sucesso, meu grande mentor na vida, mas é muito orientado pelo resultado. Isso é bom porque move a pessoa em vários aspectos, mas no poekr pode ser trágico, pode te deixar maluco ser orientado pelo resultado. Nesse período, todos os dias quando eu acabava o grind, meu pai perguntava quanto eu tinha ganhado. Isso trazia uma pressão muito grande para mim, que eu tentava usar a meu favor, mas ao mesmo tempo trazia uma carga enorme, principalmente nos momentos chaves.”
O resultado de todo o esforço ficou claro ao fim do primeiro ano de time, que terminou com mais de US$ 100 mil de lucro. Mastelotto também trouxe um gráfico de Rafael Moraes, mostrando os altos e baixos dos primeiros dois anos do craque nos high stakes. Em cerca de 9.000 jogos, o “GM_Valter” do online terminou praticamente no zero a zero. “Estamos falando de dois anos oscilando, dois anos onde ele não conseguiu ganhar dinheiro”, que Mastelotto chamou de momento de “plantação”. Na sequência, mostrou o gráfico total de Moraes, com mais de US$ 1,5 milhão de lucro no poker online, a “colheita” do craque. “É o exemplo claro de uma pessoa que não desistiu”, contou. “Levou dois anos, mas podia ter levado três, quatro, plantando, adubando, regando, preparando o terreno para um dia colher, prosperar. Esse foi o Rafa, e conseguimos ver isso claramente no gráfico dele”.
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A história se assemelha a de Mastelotto. Em cinco anos jogando high stakes, o profissional terminou basicamente breakeven também. Na sequência, mostrou os últimos cinco anos nos limites caros, revelando um lucro de mais de US$ 400 mil, incluindo o primeiro hit de seis dígitos da carreira. Outro gráfico importante é o que compara os dias de derrota e de vitória do craque. Em cerca de 70% dos dias, o brasileiro terminou o grind no prejuízo. “Você tem que dar um jeito de aprender a lidar com a adversidade, a natureza do jogo exige isso”, contou. “Pode ser por desenvolvimento pessoal, coaching, psicológico esportivo, através de você mesmo, falando com outros jogadores… Não sei como vai ser, mas ou você faz, ou o jogo vai te consumir, vai te atropelar. Você não vai durar no jogo”.
Ou seja, se você espera ter no poker uma trajetória só de vitórias, uma fonte de renda constante e sem sofrimento, e um caminho sem pedras, é melhor repensar seus conceitos sobre o jogo. Mastelotto também mostrou o exemplo de Conor Beresford, um dos maiores jogadores do poker mundial, para reforçar o ponto. “Você vai passar por altos e baixos, é inevitável”, contou. “A maior parte do tempo eu estou correndo na direção dos meus objetivos, de conquistar e realizar. Às vezes, eu canso e ando. Outras vezes, eu tomo na cabeça, pego oscilações e começo a engatinhar, rastejar, mas eu nunca paro. Esse jogo premia quem não para… Mas para tudo isso acontecer, vem a pergunta chave: ‘o quanto você está disposto a viver essa natureza do jogo? quanto você ama o jogo?’ Essa é a pergunta que você tem que se fazer”.
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