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Victor Simionato conquistou resultado de peso nas mesas do partypoker
Victor Simionato conquistou resultado de peso nas mesas do partypoker

Victor Simionato foi o protagonista de uma das melhores histórias do poker brasileiro neste ano. Após conquistar a vaga de US$ 10.300 por apenas US$ 22, o jogador de Marília (SP) ficou em quinto no Main Event do WPT WOC, faturando US$ 391.257 e atingindo um ROI milionário.

Se agora o jogador de 23 anos possui um bankroll respeitável, a carreira de Simionato, como a de muitos jogadores, contou também com momentos complicados, chegando a “quebrar” duas vezes. Por outro lado, quando começou a ser mais disciplinado e se dedicar de forma consistente ao jogo, os resultados vieram.

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Outro fatos curioso da trajetória lucrativa foi o “mistério” em torno da identidade do jogador. O torneio era com nomes reais, então todos sabiam que Victor Simionato estava na briga. A dúvida era sobre quem era o brasileiro, quais seus resultados e sua história no poker e de onde tinha surgido. Segundo o jogador, a decisão de se manter anônimo foi consciente.

Victor falou de tudo isso e muito mais em entrevista para o SuperPoker, comentando sua carreira no poker até o momento, a emoção de disputar uma FT tão importante, entre outros assuntos.

Assista à mão da eliminação 

Confira a entrevista na íntegra com Victor Simionato
Como foi sua trajetória no poker até hoje?

Comecei a jogar poker aos 19 anos, em uma brincadeira entre amigos, mas logo no primeiro contato foi paixão à primeira vista, pois é um jogo muito interessante. A partir daí comecei a jogar Freeroll no clube da cidade, valendo R$ 5 e R$ 10. Com isso, a paixão pelo jogo só foi crescendo, até que aos 20 anos, quando eu cursava o primeiro semestre da faculdade, percebi que o caminho que eu queria seguir era de ser um jogador profissional de poker.

Depois de poucos meses cursando Engenharia Mecatrônica em Curitiba, decidi abandonar tudo para ir atrás do grande sonho. Na época, conheci o Gabriel Goffi nas redes sociais, vi a história dele e de outros que tiveram sucesso. Acreditei que esse caminho era possível, após ver o que eles tinham conseguido.
Durante um ano, joguei para o clube da cidade. Às vezes, me levavam para jogar alguns eventos, mas estava sendo um caminho muito árduo, difícil, visto que eu não tinha apoio e nem conhecimento. Tinha apenas tomado a decisão, mas não sabia como direcionar isso.

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Para meus pais tinha sido um grande choque o que estava acontecendo, largar tudo para ir atrás de algo, que para eles era tão incerto, distante e até impossível. A princípio foi bem difícil, não conseguia ganhar dinheiro, não tinha para jogar e por isso o primeiro ano foi bem difícil. Depois de uma conversa bem aberta com meus pais, minha mãe decidiu abraçar a ideia, me ajudar e me emprestou dinheiro para fazer meu primeiro depósito online. Também pagou uma matrícula, um depósito de segurança, para eu participar de um time de cash game.

Entrando no time, tendo contato com os profissionais que davam aula lá, meu jogo começou a engrenar, as portas começaram a abrir e eu entender realmente o poker e como ser um profissional, a dedicação que isso exige, pois não é fácil.
Entrei com um contrato de € 5 mil, quando terminasse, decidiria se subiria a categoria ou se eu parava por ali. Acabei saindo do time e comecei a jogar torneio por conta.

Na verdade, eu não saí, eu tomei kick, pois era extremamente indisciplinado. Tinha levantado uma banca jogando pelo time, quebrei, minha mãe me emprestou € 70, era a segunda que estava quebrando. Minha mãe decidiu me ajudar de novo, me emprestou mais US$ 400 para eu depositar no partypoker. Foi a partir daí que as coisas começaram a dar certo.

Comecei jogando com essa banca no MTT, mas segui no cash game para fazer a manutenção. Jogava barato NL 10 e torneios até US$ 11. A primeira grande mudança, foi depois de fazer um curso de meditação, que foi logo após quebrar a primeira vez, quando sai do time de cash. Estava bem perdido, passando por um momento difícil, muito jovem, sem experiência, sem dinheiro e apoio. Depois que eu saí desse curso, foi quando vi a clareza do que eu tinha que fazer, a disciplina que isso exige para ser profissional.

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Após seis meses jogando torneios, consegui dois grandes hits de domingo. Com isso, tive a minha primeira grande mudança com o poker, que me mostraram que estava no caminho certo, isso me trouxe uma boa estabilidade.

Mesmo levando a vaga via satélite, você não se intimidou e mostrou coragem na mesa final. Como foi aguentar a pressão na decisão?

Faz aproximadamente dois anos que eu jogo MTT. Minha transição foi bem tranquila, eu vinha com um jogo bem sólido de cash game e fui só adaptando as necessidades dos torneios: aprender jogar short stack, ICM, mas senti muita facilidade em ir adaptando, pois percebi que algumas linhas do cash funcionavam muito bem.

Só de ganhar a vaga foi uma sensação maravilhosa, porque eu sabia do prestígio de estar jogando esse torneio. Assim que conquistei um lugar no Main Event WPT Championship, já parei de registrar e fui runnando bem, até conseguir passar bem em fichas, praticamente me garantido em ITM.

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Entrar na premiação tirou todo o meu peso, pois só de superar a bolha, já seria o maior hit da minha carreira nos torneios. Senti a pressão até o momento de entrar ITM, depois, eu só pensava em “onde essa maré ia me levar”, porque o que já tinha acontecido até ali já estava ótimo. A pressão mesmo foi no primeiro dia, não queria cair, mostrar que eu era capaz de alcançar o prêmio, ter a experiência de estar jogando o Dia 2.

Depois que isso aconteceu, eu vi que tinha a chance de chegar muito longe, estava acreditando e confiante. Sabia que podia conquistar mais ainda.

Qual a sensação de conquistar um resultado deste tamanho?

Muita felicidade em colher os frutos do nosso esforço. Com certeza dei sorte, não dá para falar que não tive, pois ganhei a vaga, consegui runnar bem em uma amostragem de um único torneio. Mas eu sei que no poker, que se você faz o simples, o jogo bonito, simples e sólido, vai te levar em algum lugar. Continuei jogando desse jeito da mesma forma que jogo torneios de US$ 55, pois sabia que ia dar certo.

A sensação foi de felicidade, de uma grande conquista, mas também de se sentir realizado. Não tenho feito tantos planos com esse dinheiro, quero ir absorvendo isso aos poucos e estar me preparando para utilizar essa oportunidade da melhor forma.

Se arrepende de alguma forma do blefe que tentou passar na decisão?

A gente cair em um blefe fica o questionamento, ‘precisa disso?’ Mas nós estudamos e na hora precisamos executar. Não costumo passar muito triple barrel bluff, eu sei que o field costuma over foldar flop e turn, então, realizar essa jogada é em spot bem específico e aquela situação era uma delas, pois com as cartas que eu tinha pra mim fazia muito sentido, bloqueando o range de valor do oponente.

Quando bate o K no turn, é uma excelente carta para mim, posso colocar extrema pressão nele, uma carta para eu representar com muitas mãos de valor, é mais difícil ele ter do que eu. Apesar do blefe não ter passado, dele ter seguido no river e ter dado snap call, com a mão que ele chega, poderia ter vários outros combos que vai acabar foldando, isso só me deixa mais confiante que acertei e a jogada foi boa.

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Qual foi o momento mais marcante na trajetória do torneio?

Foi entrar no dinheiro, depois, com certeza chegar na mesa final, foi incrível. A mão que eu senti mais pressão, foi com o QQ, já na FT, pois o cara dá um all in gigantesco em mim. É um spot que está valendo milhões de reais em um coin flip, ser decidido em uma variância. Em alguns segundos batendo na mesa foi quando eu senti o coração na boca pela primeira vez. Depois que eu puxei, já voltei com a mente calma para estar executando boas linhas.

Durante todo esse processo do torneio, inclusive a mesa final, você se manteve quase “anônimo”. Isso de “se esconder” foi algo feito de propósito? Você acha que o fato de ser desconhecido dos oponentes te favoreceu de alguma forma?

Foi uma decisão não por questão de edge no jogo. Isso ajuda porque eu podia ser um menino de 20 e poucos anos, ou um senhor. Não ter informação jamais vai atrapalhar, mas o real motivo foi querer ignorar tudo isso, de gente procurando, querer saber quem era eu e como fui parar ali.

Não quis deixar isso tomar conta da minha cabeça, queria estar 100% focado, só no que eu tinha que fazer, sem ter outros pensamentos na minha cabeça. Foi por isso que decidi ficar anônimo.

Gostaria de dedicar esse resultado para alguém?

Primeiramente, queria dedicar à minha mãe, pois quando não tinha nada, me apoiou, mesmo tendo dúvida, acreditou no meu sonho. Foi a pessoa que mais me deu força, com certeza para ela. Dedicar também para todas as pessoas que estão na batalha, atrás do sonho, que elas continuem, porque o poker não é justo, mas ele recompensa quem está todo dia, fazendo bonitinho o que gosta e da forma correta.

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