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André Akkari - PSC Barcelona
André Akkari - PSC Barcelona

Por Dante Graça

Havia um tempo em que eu acordava aos domingos de manhã pra ver um brasileiro rodando o mundo dando orgulho pra gente que tava aqui, do outro lado do oceano, vendo pela televisão. Esse cara era Ayrton Senna, um dos maiores ídolos do esporte brasileiro em todos os tempos.

Neste domingo, pude reviver um pouco dessa sensação. Acordar 7h da “madrugada” pra ficar colado na TV vendo um brasileiro encher a gente de orgulho e esperança do outro lado do oceano, vendo por uma televisão um pouco diferente, pelo computador, ou mesmo pelo celular. Esse cara é André Akkari, figura única no poker e ídolo da maioria absoluta dos que amam o esporte da mente.

Essa sensação de déja vu que vivi hoje de manhã certamente foi dividida por muitos brasileiros – e talvez por outros latinos ou simplesmente por pessoas around the world que admiram um cara que rompe toda a empáfia que o poker às vezes insiste em passar. André Akkari é de verdade – e um jogador acima da média, mesmo que muitas vezes não receba o devido crédito nesse sentido.

Hoje ele esteve perto de um título inesquecível. E fez por merecer conquistá-lo. Aplicou todos aqueles conceitos que muitas vezes explicou durante transmissões televisionadas e alguns diziam que era “fácil falar de fora”. Colocou pressão nos menores stacks, tomou decisões difíceis corretamente e, pasmem, também errou – afinal, ele é humano, e talvez por isso gostemos tanto dele.

No que dependeu do talento, da técnica, do estudo, Akkari fez tudo que poderia ter feito. Naquela pequena parte que o poker ainda depende da sorte, no entanto, faltou pouco. Faltou não bater um ás no river contra Sorrentino. Faltou segurar na última carta contra Petkov. Não sei como será, para ele, botar a cabeça no travesseiro sabendo que fez tudo certo e mesmo assim o título não veio. Mas ele certamente poderá nos ensinar isso, como ensinou tantas outras coisas.

Eu, que já chorei de alegria assistindo o bracelete conquistado na WSOP por meio de uma twitcam feita por Caio Brites, hoje por pouco não chorei de tristeza ao ver aquele 5 no river selar o destino dele no PSC Barcelona.

Mas Akkari, certamente, sabe que nem toda glória vem seguida de troféus ou braceletes. Ela se conquista com uma trajetória ímpar, e isso ele tem de sobra. Toquem o tema da vitória, por favor. Porque ele merece. Assim como aquele tal de Senna.

*O autor é jornalista, apaixonado por poker e fã de um bom 92off.