Quem vê João Bosco Jr. nas mesas dos principais circuitos de poker no Brasil, pode não saber que a vinda do paraense para São Paulo foi motivada por um drama pessoal. “Bosquinho”, como é conhecido na comunidade, possui um raro problema cardíaco e veio de emergência para São Paulo há quatro anos, indicado para fazer um transplante de coração.
Já na capital paulista, o torcedor fanático do Remo (PA) começou o tratamento e reagiu bem aos remédios, conseguindo adiar o transplante até hoje, mas sabendo que um dia, segundo os médicos, irá precisar contar com a solidariedade de um doador. Essa foi uma das razões pelas quais, ao conhecer o trabalho da ONG “Sou Doador”, Bosquinho não titubeou em ajudar a espalhar a mensagem sobre a importância da doação de órgãos.
“Não existe, no meu caso, cirurgia definitiva, só o transplante, para o qual fui indicado”, explica o jogador profissional, que possui no currículo o título de Campeão Paulista de 2016. “Os médicos dizem que eu vou precisar. Estou bem hoje, faço acompanhamento de três em três meses, mas eles dizem que vou precisar. Então essa mensagem além de ajudar outras pessoas ainda pode me ajudar pro futuro.”
No comando da “Sou Doador” está Patrícia Fonseca, que aos 30 anos conseguiu um transplante do coração e, após receber o órgão, se tornou nada menos do que uma triatleta, virando exemplo para muitos que passam pela mesma situação. “Isso vai contra a medicina, a pessoa fazer um transplante do coração e ser triatleta, ela faz esses percursos de bicicleta, nada e corre, enfim, é algo surreal”, contou Bosquinho.
O primeiro contato entre ambos aconteceu através do também profissional de poker Stevam Wu, o “Jiraya”, que conheceu Patrícia e contou a história de João, criando uma conexão instantânea entre ambos. “Imediatamente houve identificação”, revela Patrícia. “Eu fui cardiopata por 30 anos antes de fazer o transplante e pensei que ele por sua história de vida poderia também querer abraçar a causa da doação de órgãos que salva a vidas de tantas pessoas todos os dias!”
Após conversar com Patrícia, Bosquinho logo abraçou a causa e começou a divulgar a “Sou Doador” inclusive nos eventos de poker, utilizando a camisa da ONG e falando aos amigos sobre a importância da doação. “Na hora, sem sombra de dúvidas, eu abracei, fiquei mega emocionado e feliz”, contou o jogador. “Ela me mandou as camisas e vim passar essa mensagem que nem se fala tanto quanto é importante no Brasil e no mundo. Ajuda várias e várias pessoas, pode me ajudar lá na frente e também a ajudou”.
Para Patrícia, o apoio do jogador só vem a contribuir para divulgar a mensagem da doação de órgãos a meios não tão conhecidos. “Ver o Bosquinho como referência levando conscientização é uma alegria imensa para nossa Campanha do Soudoador.org!”, comemorou a triatleta. “O poker é uma comunidade muito grande e, se apenas uma pessoa se tornar doadora por causa da ação dele, ele já terá salvo oito vidas, pois cada doador salva oito pessoas!”
Mais do que uma fonte de renda, o poker apareceu como uma luz na vida de Bosquinho, em um momento no qual o paraense precisava de uma atividade para ocupar a cabeça, mesmo estando limitado nos exercícios físicos. “Foi algo que me ajudou muito a superar, porque quando eu vim para São Paulo, vim cabisbaixo, você recebe essa notícia que terá que mudar sua vida e tudo mais”, explicou. “O poker me resgatou uma vida nova em que consegui ser Campeão Paulista, me trouxe a felicidade de volta de brigar, lutar. Sem dúvidas o poker, dentre todos esses problemas, foi o que me fez resgatar a confiança de viver.”
Com a experiência de quem foi salva por um doador e hoje serve de exemplo para muitas pessoas na mesma situação, Patrícia faz um apelo para aqueles que não estão decididos sobre o tema. “Eu diria para as pessoas que para ser doador basta avisar a sua família”, contou. “Hoje eu estou viva e me tornei triatleta graças ao meu doador! E todos nós podemos fazer a diferença! Ser doador é a jogada que transforma a vida de outras pessoas!”
