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Cristian Vilas Boas, campeão do Main Event Second Chance Low do SCOOP 2020
Cristian Vilas Boas, campeão do Main Event Second Chance Low do SCOOP 2020

O mineiro Cristian Vilas Boas representou as cores verde e amarela em grande estilo nessa terça-feira (26). Nas mesas do PokerStars, o jogador de 23 anos se sagrou campeão do Evento #96-Low do SCOOP (Spring Championship of Online Poker), o Main Event Second Chance. O título lhe rendeu a forra de US$ 148.531.

“Crismano” superou um impressionante field de 29.610 inscrições e cravou a competição gastando apenas um buy-in de US$ 55. O lucro do jogador não chegava a US$ 12 mil no site antes desse big hit, mas agora, todo o longo caminho que ele percorreu até essa glória passa a valer a pena.

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Nascido em Itajubá (MG) e hoje residente de Lorena (SP), Vilas Boas se diz realizado e feliz por conseguir alcançar o sucesso naquilo que tanto gosta de fazer. Ele estudou, fez parte de times, começou lá de baixo e se dedicou ao máximo para chegar ao topo do pódio. Após o título, a vida dele tem tudo para dar um salto. Confira a entrevista na íntegra:

Fale sobre sua trajetória no poker
Conheci o jogo na infância. Dos 5 aos 10 anos, assisti várias vezes meus familiares, inclusive bisavô, jogar poker por várias horas. Ficava brincando com as fichas, mas começava a entender o valor das mãos, etc. Em 2018, estava no terceiro ano de medicina (foi na faculdade que realmente joguei a primeira em home game com amigos) quando resolvi trancar o curso, pois não era o que queria fazer na vida.

Dois meses depois, em maio, enquanto estava estudando pro vestibular, comecei a jogar Sit & Go de US$ 0,25 e me interessar realmente pelo jogo. Comecei a me dedicar não só a jogar, mas também a estudar, quando vi que era um jogo de técnica, e quem é bom ganha no longo prazo. A partir daí joguei um período no time Flow, microstakes, e depois em agosto entrei pro Netteam (time do Internett93o). Foi quando tudo realmente mudou, comecei a jogar mais caro, me dedicar 100%, desisti do vestibular, pelo menos por enquanto. O primeiro hit, ironicamente, foi em novembro, num BB de US$ 7,50 domingo que pagou US$ 5.300, e era um domingo de ENEM.

Em setembro de 2019, depois do WCOOP, já tinha alguns bons resultados, a carreira ia se consolidando, mas faltava algo. Entrei numa zona de conforto, e mesmo tendo resultado positivo na série em geral, decidi que no próximo ano iria bater de frente nos limites mais caros. Foi quando sai do Netteam e, buscando novas experiências, me inscrevi na Polarize. Fui aceito em novembro, jogava limites muito mais baratos (passei de AVG $22 pra $7), até eles me conhecerem e verem que eu era capaz.

Fui subindo rapidamente, e hoje sinto que estou na minha melhor fase, jogando AVG BI $50 nesses últimos meses. Tive meu maior score da carreira em fevereiro, dia 17, no dia do meu aniversário, 8K num segundo lugar na Carnaval Series, depois 11K com deal 5 left na Turbo Series. E agora, meu big hit. A intenção era chegar preparado pra ter uma excelente performance no WCOOP, mas chegou mais cedo, logo no SCOOP.

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O que esse título representa para você?
Esse titulo representa realização. É a sensação de que minhas decisões, mesmo parecendo loucura no começo, e até um pouco ainda hoje, me trouxeram até aqui. De felicidade por trabalhar com aquilo me faz feliz, e ver que isso me traz retorno, isso é impagável. Não é porque tive o big hit que vou tirar uma semana de folga, pelo menos não agora, porque quero fazer o que gosto, que é jogar poker.

O que pode falar sobre sua trajetória no torneio?
Eu sinto que foi tranquila, na medida do possível. Fiquei com bastante ficha desde o começo do torneio, só tive short stack (20 blinds) na parte intermediária, por volta de 500 left se não me engano. Depois foi tranquilo, até certo ponto, porque fiz bastante ficha sem showdown, e ganhei dois potes cruciais em que estava dominando all in pré flop. Ganhei uma mão antes do Dia 2 acabar em que dobrei as fichas, pra terminar o Dia 2 em 1/23 com 70 BB.

No terceiro dia correu tudo muito bem, comecei o dia dando duas bad beats de 30/70 e 20/80, e consegui pressionar bastante com o stack que tinha. Na FT já comecei dando sorte com o chip leader que era recreativo ficando logo na minha direita, e eu estava 2/9. Consegui colocar muita pressão, eliminei três jogadores, e foi tranquilo até o 3-handed. Faltando três jogadores acabei dobrando o short stack num flip, e me tornei o bola da vez. Algumas mãos os dois se envolveram e um deles acabou sendo eliminado. Comecei o HU com cinco vezes menos fichas, que acabou virando 11 vezes, mas depois que a reação começou em três dobradas praticamente seguidas, eu senti que o torneio era pra ser meu.

Teve alguma mão que gostaria de destacar neste torneio?
A mão que realmente fez toda diferença pra cravar foi a última antes de terminar o Dia 2. Estava em quinto lugar, com 39 big blinds, flatei A5 de copas no botão contra o hijack, que tinha 30 big blinds, e o big blind paga também. Board vem 763 com 2 copas, que era meu flush draw. HJ aposta 3 BB com 8 BB no pote, eu dou raise pra 9,5 BB, o big blind tanka bastante e folda, o HJ vai all in com QQ e eu dou call.

Estou um pouco a frente na equidade, cerca de 52%. O turn é um 9, ganho alguns outs, com 40%, e o river é um 3 de copas completando o flush. Sendo que o torneio parava com 24 pessoas, e nesse momento já tinha um jogador eliminado na outra mesa, acabamos indo pro dia 3 com 23 pessoas, e essa mão foi a diferença de ter terminado o Dia 2 em primeiro ou último.

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Os brasileiros estão acumulando muitos resultados nesse mês. Como você avalia a participação brasileira no cenário do poker mundial?
Tenho acompanhado vários resultados de brasileiros, torcendo em retas finais, e é realmente impressionante. Sempre conto para a minha namorada e para os meus pais os big hits do pessoal, e fico muito feliz que tenha chegado minha vez.

O que achou da prorrogação da grade do SCOOP?
Achei muito bom, principalmente por ter cravado um torneio que só existiu porque foi prorrogado. Os fields estão muito bons, vários torneios com garantidos excelentes, principalmente para mim, que só comecei a jogar poker em 2018. Desde então, esse é o melhor momento do poker online.

Acompanhamos a reta final ao vivo no SuperPoker, como é ter centenas de pessoas torcendo para você mesmo online?
Ah, é sensacional, o brasileiro tem esse destaque de torcer pelo outro. A torcida é realmente fora do comum, pessoas que nem me conheciam torcendo, vibrando, me mandaram várias mensagens depois do título. É realmente uma experiência incrível que nunca vou esquecer.

Gostaria de dedicar o título para alguém?
Agradeço primeiro a Deus pelo título, e dedico aos meus pais, avós, mas principalmente para minha namorada, que esteve ao meu lado, acreditando no meu potencial e tentando entender o que era o mundo do poker mesmo quando eu jogava Sit & Go de US$ 0,25.

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