COMPARTILHAR
Fred Volpe
Fred Volpe

O fortalecimento do poker no Brasil aconteceu por volta de 2006, quando foi criado o BSOP e um grupo considerável de jogadores já davam trabalho no online. O paulistano Fred Volpe é um desses exemplos. Ele jogava poker online já em 2003, quando os próprios sites de poker ainda engatinhavam para o sucesso.

De lá pra cá, o jovem que cresceu praticando o esporte da mente se tornou psicólogo formado e um dos principais nomes do poker online brasileiro. Nesta semana, ele atingiu um objetivo que desejava durante toda a carreira: um título de uma série majoritária do PokerStars. Depois de fazer mesas finais em outros anos, a cravada veio no Evento #25-M, na difícil modalidade de 8-Game, que atrai os jogadores mais completos do mundo.

Fred bateu o field que contou com 725 entradas e levou um excelente prêmio de US$ 25.210. Ele disse que pegou uma mesa semifinal muito dura, mas ficou confiante quando eliminou os craques Calvin Anderson (7o) e Jason Somerville (10o). A forra em si não ficou nem entre as três melhores premiações do grinder, mas conquistar o cobiçado relógio de campeão foi um “objetivo realizado”, como o próprio disse.

No BSOP Recife, Fred conquistou o primeiro título live da carreira no Omaha Turbo Knockout. Com grande experiência em torneios do LAPT, o craque também disse estar ansioso pela WSOP e o BSOP São Paulo, os próximos destinos da carreira dele.

O SuperPoker entrevistou Fred Volpe, o campeão do Evento #25 do SCOOP. Confira:

SuperPoker: Como foi a conquista do título e o sentimento com a vitória de um título de SCOOP?

Fred Volpe: Eu busco um título em eventos do PokerStars (TCOOP, SCOOP e WCOOP) já tem alguns anos. Tinha feito 3 fts e enfim veio a cravada. Foi muito gratificante ver o reconhecimento e o crescimento pessoal que o poker me proporcionou em todo o decorrer desses anos. A semi FT do US$ 215 SCOOP estava realmente difícil, com Calvin Anderson e Jason Somerville. Quando eliminei os dois, senti que o torneio estava ao meu alcance. A confiança se elevou e na FT me senti apenas administrando as fichas nas modalidades onde sentia que não tinha edge como 2-7 Triple Draw e STUD H/L, enquanto soltava a mão nas outras modalidades. Minha preferida é de longe o Razz. Minha reação após cravar o SCOOP foi manter o foco, não deixar essa sensação de missão cumprida me atingir até porque estava em mais umas + 10 telas no domingo que interessavam muito também. Mas a felicidade e sensação de concretização de um objetivo realizado já faziam parte.

SuperPoker: Você é um dos jogadores online mais antigos do país. Quais pontos você avalia que o jogo online mudou tanto nesse período?

Fred Volpe: Jogo poker online desde 2003, diria que me profissionalizei em 2010, após alguns ótimos resultados enquanto ainda cursava a faculdade de Psicologia da PUC/SP. Quando me formei, passei a me dedicar mais ao poker de forma coletiva, entrando para o 4bet em 2013, tendo coach e convivendo com os melhores jogadores do país na minha opinião. O poker definitivamente não é um jogo estático. Ou seja, ele está sempre em movimento; movimentos que eram muito lucrativos há 4 anos, hoje em dia esse mesmo movimento se torna – EV pelo comportamento do field. O jogo vem sendo mais e mais estudado por mais pessoas, e obviamente isso torna o jogo mais teórico e mais difícil consequentemente. Concluindo, por mais tempo que tenha de experiência no poker, tem que manter atualizado, estudando rotineiramente e trocando experiências com aqueles com quem considero que tem muito a que me acrescentar. E mesmo assim, sempre dependemos do fator sorte… inegável! É apenas mais um fator, de tantos que há no poker. Mas ele existe. Como na vida, aliás.

SuperPoker: Qual o segredo pra continuar sempre no topo?

Fred Volpe: Sinceramente, apenas me considerei “no topo” no início de 2015, onde foi o ápice da minha carreira até então. Nesse período, fui o 3º do Brasil e o segundo do estado de São Paulo no ranking do PocketFives. Desde então, venho em uma luta árdua entre estudar, escorregar, persistir e levantar. Em minha opinião, quanto mais estudamos ou aprendemos sobre qualquer assunto ou atividade, mais dúvidas surgem sobre o tema e o poker não foge disso. Ainda mais sendo um jogo tão dinâmico, em movimento, o que é +EV hoje, pode ser -EV amanhã. E só estudando e tentando conviver com os melhores e mais estudiosos (Will Arruda, Rafa Mores, Thiago Crema) para tentar subir minha edge nesse jogo que a cada dia é mais e mais estudado por mais pessoas.

SuperPoker: Você faz parte do 4bet desde quando? Qual foi o motivo da sua entrada no time?

Fred Volpe: Eu me formei em Psicologia no final de 2012, e já jogava poker com bastante intensidade nesse período, já havia obtido ótimos resultados. Como um recém-formado em psicologia, trabalhava muito e ganhava pouco, por mais recompensador que fosse pessoalmente pra mim atuar como psicólogo. Meu amor, e principalmente intriga pelo poker, fez com que eu optasse por seguir o caminho das cartas. Nunca descartei a opção de voltar a atuar como psicólogo. Nesse mesmo período, conheci nas mesas do PokerStars o Lucas Antunes (é_memiu), que já fazia parte do 4bet. Ficamos amigos, ele me indicou, viram meus resultados, minha média de torneio mensais e cá estou. Faço parte de um time que conta, sem dúvida, com os melhores do Brasil, o Rafa figurando entre os top do mundo e o Will sempre atualizado. Concluindo, o poker é um esporte individual, porém, se conseguir transformar isso em algo coletivo, no sentido de trocar informações, de certo terá vantagem sobre os outros que não tem essa oportunidade. O motivo principal da minha entrada e permanência no 4bet é a obtenção de informações de quem considero os melhores.

SuperPoker: Você vem de um título no BSOP Recife. Pretende dar mais atenção ao live? Como está essa relação?

Fred Volpe: Na verdade, eu já joguei bastante live. Poucos BSOPs, devido ao imposto abusivo. Joguei uns oito LAPTs (Rosario, Punta del Este, Lima, Viña del mar, Panamá e São Paulo) mais um circuito que fiz na Europa no meio de 2015, jogando o Eureka Poker Tour na Alemanha com um field mega difícil e o Estrellas Poker Tour em Marbella. Não tinha obtido nenhum título ao vivo e esse em Recife teve um gosto muito especial. Jogo sempre os BSOPs que tem em São Paulo, mas nesse caso de Recife, foi realmente a vida que quis assim. Estava com dois problemas pessoais graves na minha vida, os quais não tinha controle nenhum. Então decidi ir pra Recife jogar o BSOP realmente para me afastar desses problemas que eu não tinha controle, decidi de última hora, comprei as passagens quarta-feira às 3 da manhã e às 20hrs já estava lá. E não é que as coisas começaram a dar certo? Pretendo dar mais atenção ao live. Vou pra Vegas em junho jogar a WSOP e depois já tem o BSOP São Paulo, minha cidade, e conforme for nessa etapa e na WSOP, pode ser que eu jogue algo mais no decorrer do ano, como por exemplo o PSC Barcelona. Mas vamos lá, pouco a pouco. Confirmado mesmo só WSOP e BSOP São Paulo.