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João Mathias - BSOP São Paulo

Para quem acompanha o poker brasileiro, principalmente os resultados online, fica claro que João Mathias Baumgarten é um dos melhores jogadores do país. Há anos, ele mantém uma constância impressionante nos feltros virtuais, conquistando bons resultados e sendo um dos mais admirados na comunidade brasileira.

No PocketFives, aparece com cerca de US$ 1,8 milhão em premiações no partypoker sob o nick “TDurdenWAR”. No entanto, seu nick mais vitorioso, “joaomathias” no PokerStars, não aparece no perfil, assim como seus usuários em outras salas, ou seja, o número total de prêmios é bem maior do que esse. Mathias é o recordista brasileiro de tríplice coroas online, tendo alcançado o feito cinco vezes.

Ainda assim, o profissional de Santa Cruz do Sul (RS) está longe de estar entre os que mais aparecem na mídia. Em um meio onde os jogadores focam cada vez mais em construir uma imagem e interagir com fãs, atraindo também possíveis patrocinadores, Mathias se mantém “low profile”, ou seja, discreto.

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Sua página profissional no Facebook soma cerca de 4.000 curtidas, com a última postagem tendo sido feita há mais de um ano. No Instagram, onde muitos profissionais aproveitam para dar atualizações de resultados, dicas de grind, entre outros conteúdos, o gaúcho raramente aparece.

João Mathias - BSOP Millions - Crédito: Carlos Monti
João Mathias – Crédito: Carlos Monti

As presenças em eventos ao vivo também são raras, com o HendonMob mostrando “apenas” US$ 15.329 em resultados. Ao contrário da maioria dos grandes nomes, ele não joga a WSOP e não tem como objetivo ganhar um bracelete. Com um estilo de vida simples, aproveita o que considera ser o sonho: levar uma vida boa vivendo de poker.

Apesar de não se esforçar para ter seu nome nas manchetes, Mathias acaba aparecendo bastante, principalmente pelos resultados constantes online. Em um dos destaques recentes, ele fez mesa final do $1.050 Thursday Thrill. Em entrevista exclusiva ao SuperPoker, o profissional falou sobre sua rotina de estudos e grind, o estilo de vida que leva e muito mais. Confira.

Mesmo sendo um dos maiores nomes do poker brasileiro, você não aparece tanto na mídia. Essa é uma escolha consciente?
Eu acho que é uma escolha do meu estilo de vida mesmo, que é jogar e estudar o poker. Eu me preocupo com a ciência do poker, gosto de jogar, mas a mídia para mim não importa tanto. Respeito, admiro, não apareço, mas não é uma escolha, é uma questão de quem eu sou mesmo, o resto não depende de mim.

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Você costuma dizer que o sonho é viver de poker, mas você ainda tem algum grande objetivo no jogo?
Eu não tenho grandes objetivos, continua sendo, como eu já falei outras vezes, viver de poker, continuar saudável, continuar me divertindo e ganhando no poker e aproveitar a vida. Levar uma vida boa jogando poker acho que já está ótimo.

Como é a rotina de um dia de grind para você?
Normalmente, eu faço alguma coisa de manhã em relação a exercício, yoga ou academia. Almoço, depois toco um violãozinho e vou para o poker ali pelas 15h, 16h. Jogo mais aos domingos, terças e quintas, então das 15h até umas 22h eu jogo torneios.

Joao Mathias - BSOP Millions - Crédito: Carlos Monti
Joao Mathias – BSOP Millions – Crédito: Carlos Monti

Você se preocupa com rankings como o do PocketFivs?
Eu já prestei atenção, disputei, já cheguei em primeiro no PocketFives uma ou duas vezes, mas hoje não estou mais lá. Hoje já estou mais despreocupado com estatísticas e rankings, mais preocupado realmente em viver a minha vida lá em Santa Cruz do Sul (RS) e jogar poker.

Por que você não joga a WSOP? Não sonha em ganhar um bracelete?
Não muito. Eu sou jogador de poker online e vejo que para muitas pessoas o bracelete é o top, o último objetivo do poker, mas eu prefiro usar meu poker ao vivo em alguma viagem para a Europa, que eu goste mais da cidade, por exemplo Barcelona é uma que vou muito. Eu também não tenho pique para jogar mais de um mês de poker ao vivo assim, jogar 10 dias já me sinto um pouco cansado, perna e costas doendo. Então tem o fator físico, que lá é bem desgastante, e o fator que eu prefiro outras cidades, até São Paulo, eu prefiro vir no BSOP que é bem organizado, gosto de jogar. É isso, BSOP São Paulo, Barcelona, alguma outra trip para Punta del Este e WSOP fica de fora mesmo.

Como é representar a Seleção Gaúcha no Campeonato Brasileiro de Poker por Equipes (CBPE)?
Sempre gostei muito deste torneio, é realmente diferente a vibe, porque você não está torcendo só pelo seu resultado, mas da equipe toda. Quando o torneio vai se desenvolvendo a gente fica em volta da mesa, torcendo um pelo outro, é uma vibe bem diferente. Curto muito jogar e pretendo continuar jogando pelo Rio Grande do Sul, esse ano a gente não foi bem, caiu no primeiro dia, mas é completamente possível acontecer isso no poker, apesar de a seleção ser boa. Ficamos em 19º, mas acho que todo mundo deu seu melhor, inclusive eu.

Como foi jogar com o Neymar no High Roller do BSOP?
Adorei, o cara é gente boa, conheci ele no torneio, não tinha chegado perto dele ainda. É mais uma oportunidade que o poker me deu, conhecer um cara como ele, e ele é muito gente boa, joga bem poker, todo mundo se divertindo, é um craque no poker e na vida também.

João Mathias
João Mathias.

Como você tenta melhorar seu jogo hoje em dia?
O que eu mais estou fazendo é trabalhar com “solvers” [softwares de análise de mãos], PioSOLVER, MonkerSolver. Eu tenho um sistema de, se enquanto eu estiver jogando acontecer uma mão que eu não sei muito bem o que fazer, eu já marco ela e revejo mais tarde. Aí você tem que saber como estudar a mão, o PioSOLVER é mais pra casos pós-flop, se é um caso pré-flop você usa outro programa, ou se é um caso muito estranho posso até perguntar para outro jogador que admiro e respeito a opinião, como é com o “Bedias” [Bernardo Dias] por exemplo, então é um método de ver as mãos e continuar se lapidando.

Você faz mesa final do 8-Game no BSOP São Paulo. Os Mixed Games são uma área que você gosta no poker?
Eu gosto muito de Mixed Games, acho que é um jogo em que você consegue manipular ainda mais do que no Hold’em o field. Eu curto jogar todos os jogos, mas não consigo sempre porque ocupa muito a atenção, porque tem que observar as cartas expostas, e por não ter um volume também, então dia de semana é mais Hold’em, um pouco de Omaha e um pouco de Omaha Hi/Lo. Mixed Games é mais em séries online ou no BSOP, mas eu com certeza curto muito e às vezes dou uma estudada nesses jogos.