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Rafael Reis - Campeão Borgata Spring Poker Open
Rafael Reis - Campeão Borgata Spring Poker Open

Profissional de poker há cerca de três anos, Rafael Reis já está montando um currículo que impressiona. No ano passado, o SuperPoker conversou com Rafael durante a WSOP para conhecer melhor a história do brasileiro que se mudou para os Estados Unidos e virou profissional de poker.

Rafael começou a ganhar um destaque maior no cenário em novembro 2016, quando superou um incrível field de 5.106 entradas para levar US$ 155.642 em um torneio que tinha buy-in de apenas US$ 360. Menos de dois anos depois, o profissional novamente bateu um grande field, agora conquistando um prêmio ainda maior.

Ele foi campeão do Evento #1 (US$ 600 No Limit Hold’em) do Borgata Spring Poker Open. Passando pelas 2.370 entradas do torneio, que geraram um prize pool de mais de US$ 1,2 milhão, Rafael faturou US$ 216.010, levando o maior prêmio de sua carreira e ultrapassando a marca de US$ 800 mil em resultados ao vivo.

Rafael Reis
Rafael Reis

Com a conquista, Rafael ultrapassou seu xará, Rafael Caiaffa, e assume a 13ª colocação no ranking de brasileiros mais premiados de todos os tempos. Confira a entrevista que o profissional deu ao SuperPoker.

Qual a sensação de conquistar o maior prêmio da carreira?
A sensação é a de dever cumprido, de que vale a pena estudar, trabalhar duro, fazer coachings. Queria agradecer nessa parte ao André Akkari, que me deu muita força no meu jogo short stack, e ao João Simão, que é tão ‘hot’, que até o moletom que ele me deu regulou. Eu, como sou pai, tenho uma esposa e duas filhas, quando você ganha se sente fazendo o dever de casa. É a importância de trabalhar duro, estudar e uma hora o longo prazo chega. Graças a Deus meu longo prazo está chegando pelo menos uma vez por ano (risos).

Você chega a mais de US$ 800 mil em prêmios na carreira. O que essa marca representa?
Eu me sinto realizado, sinto que Deus transformou toda a minha vida e me colocou onde tinha que estar. Sinto que estou na profissão correta, faço o que eu amo, nenhum dia tenho preguiça, sinto que estou no caminho certo. Tenho certeza que isso é só a ponta do iceberg, porque em uma carreira bem curta, sou profissional há três anos, já atingi essa marca, acredito que é uma carreira promissora.

Rafael Reis
Rafael Reis

Mais uma vez você vence em um grande field. Qual a estratégia para esse tipo de torneio?
A minha estratégia é sempre a mesma, não me preocupar com o tamanho do field no começo, jogar mesa após mesa, seguindo a minha estratégia de jogo e não me preocupar se são 5, 10, 20 mil pessoas. Vou jogando dia após dia, mão após mão, tentando tomar a melhor decisão a cada mão e não ficar pensando se tem muita gente, mantendo a minha estratégia de jogo a cada dia.

Como foi sua trajetória no torneio?
Como eu sempre começo jogando muito tight, não fiz muitas fichas no começo. Começamos com 25.000 fichas na blind 25/50, mas eu já entrei na blind 100/200, sem ante. A partir da blind 100/200 com ante eu passei a jogar mais mãos e conforme os antes cresciam, jogava cada vez mais. No meio do Dia 1, eu tomei duas bad beats e caí para 13 big blinds e me mantive entre 13 e 20 blinds até chegar nos últimos dois níveis do dia, onde pude crescer e passar com 43 big blinds para o Dia 2, que eu considero um ótimo stack.

No Dia 2, me mantive bem no começo, entre 40 e 60 blinds, mas no meio do dia, tomei uma bad, perdi um flip e fiquei com 12 big blinds e tive que dirigir esses 12 big blinds por umas cinco horas de torneio. Subia, descia de novo e fui manejando entre 9 e 15 big blinds. No final do Dia 2, quando faltavam 22 left, eu ainda tinha 13 bbs. Por curiosidade, quando passou um jornalista americano, ele me reconheceu e eu falei ‘finalmente eu ganhei meu troféu do Borgata’, daí ele ‘como assim?’ e eu falei ‘eu que vou ganhar esse torneio’, na maior confiança do mundo.

Isso porque, na ninha preparação, eu acordo, oro, vou para a academia, me alimento e faço meditação. Nessa preparação, eu me via claramente sendo campeão, erguendo o troféu, foi tudo planejado mentalmente e executado. Eu falei isso para ele e quando chegou no Dia Final, que passaram 18, eu era 11/18 e tinha 30 big blinds, que é um stack excelente. Comecei o Dia Final bem, mas logo em seguida entrei em uma briga de small contra big, flipei 40% das minhas fichas e perdi, mas me recuperei e fui crescendo. Quando começou a FT eu era segundo em fichas e teve uma mão que foi crucial. Foi um QQ que eu dou 4-bet fold, coloco 40% das fichas do meu adversário na mesa e dou fold para o all in dele. Ele ficou revoltado, levantou da mesa e falou que eu não deveria fazer aquilo, que não poderia foldar. Mas pela estratégia, pelas mãos que ele tinha naquele momento, para mim era só AA, KK e AK, então na melhor das hipóteses eu estaria flipando e achei melhor foldar.

Rafael Reis - Evento 20 - WSOP
Rafael Reis – Evento 20 – WSOP

Quando estávamos em cinco e os payjumps eram grandes, eu usei uma estratégia que funcionou muito bem, de não eliminar os dois short stacks da mesa e pressionar o tempo todo sem eliminar os dois, para que ficasse aquela pressão pelo payjump. Os stacks médios viam dois shorts e o payjump duplo era de US$ 60 mil, então foi um ponto chave na minha estratégia, em algumas mãos eu abri e dei fold proposital para não eliminar o short stack. A estratégia funcionou tão bem que em 4 left estavam todos shorts, porque eu tinha minado o stack deles. Cheguei 3-handed com 70% das fichas em jogo, com 80% das fichas no heads-up e não demorou muito a acabar.

Qual a sua programação para os próximos torneios? Vai forte pra a WSOP?
Eu tenho um schedule com alguns torneios ainda antes da WSOP, mas quando estiver faltando alguns dias para o início eu vou me preparar, vou estar fora do jogo, mas estudando muito, me preparando mentalmente e fisicamente para chegar esse bem, porque este ano promete. Tenho certeza que será meu melhor ano na WSOP.