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Victor Marques campeão do torneio da imprensa no EPT Barcelona
Victor Marques campeão do torneio da imprensa no EPT Barcelona

Os dias aqui em Barcelona são intensos. Muito trabalho, mas muita diversão também. Não sobra lá muito tempo para o tal do sono. No segundo dia aqui, teve entrevista exclusiva com Negreanu, evento do PokerStars com jornalistas do mundo todo, e nele também conversas com Jeff Gross e Jaime Staples. Tudo isso do jeito que jornalista gosta, com muitas pautas interessantes, comida e bebida de graça, da melhor qualidade, e brindes.

Depois desse evento, fiquei de encontrar o meu eterno parceiro de copo, o João Fera. Debutando na Catalunha, Fera, juntamente com Pitão Patrício, me aguardava no famoso restaurante Shoko, onde havia sido o primeiro jantar do PokerStars. Como demorei, o lugar miou e eles acabaram saindo de lá. Fomos buscar mais um lugar para beber, passamos no apartamento do pessoal do Samba Team, onde estavam Bruno Desimoni, Bio Salomão e Felipe Salgado, que não iriam para a baladinha “tudo nosso” e nem beber. Pitão também desistiu, decepcionando até os que não iam sair.

Partimos eu e Fera para a Marina, lugar bem próximo do Casino Barcelona, onde se joga o EPT, e partimos para o grind de bares. No primeiro que sentamos fomos agraciados com o excelente atendimento catalão, isto é, ninguém nos atendeu. Aqui é preciso ter cuidado, os garçons as vezes ficam bravos quando você pede alguma coisa. Com muitos lugares temáticos de narguilé, e sem interesse em pitar, fomos de volta para o primeiro bar que passamos. Deu certo. O garçom prontamente nos atendeu, com um sorriso no rosto, típico de quem cobra € 6 numa Heineken, anotou nossos pedidos e foi buscar. João Fera, com seu típico humor de Carapicuíba lembrou que se o atendimento foi bom, agora era só rezar para chegar a bebida.

Preciso recordar-lhes que Fera é meu parceiro-mor de caipirinhas, devemos ter bebido em todos os bares que fomos, sempre abrindo duas telas: caipirinha e cerveja. O menu apontava uma caipirinha a € 10, a gente não foldou. Mas já não tínhamos certeza que o combo chegaria. Ainda bem que ainda não havíamos pagado.

A bebida chegou e a cobrança também. Quase pedi um parcelamento, mas era hora de beber sem arrependimentos. Papo bom, boas risadas, amizade com o garçom, um italiano torcedor do Napoli, que falou bastante sobre futebol e lá pelas tantas, fomos embora porque tínhamos compromisso no dia seguinte, que no caso já não era mais seguinte e sim atual.

Custei a dormir, pensando obviamente no café da manhã maravilhoso do meu hotel. Até salmão defumado tem! – Lá pelas 7h desci, e todo espertalhão achei que ia tomar café sozinho com todas as guloseimas só para mim. Ledo engano. A velha guarda alemã que passa verão em Barcelona estava toda lá. Comendo para caramba, diga-se. A chinesada também. Não tinha muito lugar. Me sentei numa mesa em que um pequeno chinês brincava com uma bolinha do Barça. Ele deve ter se assustado ao ver um ogro com muitos alimentos chegando à sua mesa.

Subi para o quarto empanzinado, com um zunzumzum sino-alemão na minha cabeça e cheio de sono. Dormir era um erro, mas não teve jeito. Acordei com uma azia dos diabos, escrevi um texto, tomei uma bela ducha e fomos eu, eu mesmo, e meu piriri para o torneio da imprensa aqui do EPT. Antes queria agradecer ao transeunte espanhol que me ajudou catando as coisas da minha mochila, que estava aberta e eu nem percebi. Tudo no chão, esparramado e o cara me ajudou.

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O torneio da Imprensa já havia começado quando adentrei o salão, depois de fazer o registro, de encontrar Felipe Mojave e salvar os óculos esquecido de um jogador. Eu também era um transeunte legal. Os blinds estavam em 100/300. Sim, CEM/TREZENTOS com big blind ante. O stack inicial era de 5.000 e o big aqui já chegou no blind, que por sua vez também era big e ante. Ou seja já estava short. Veio aquele rei e dama de coração e eu tive que pagar o raise do italiano do small. Flop veio nada, 9 e T. A broca para mim! – Vou com tudo para cima desse lock, pensei, mas ele deu check e eu check behind. Escutei o meu próprio cacarejar interno. No turn veio um blank, ele apostou e eu larguei. Depois disso reparei que o torneio contava com a participação de Jeff Gross, Jaime Staples e Fátima Moreira de Melo, e que os blinds eram de CINCO MINUTOS, isto é: tiro, porrada e bomba; dedo na cara e gritaria. Mas gostei da ideia. O torneio não precisa mesmo ser ultra deepstack para ser legal.

Em um torneio como esse, você sabe que terá que ir all-in logo. Foram várias vezes, mas a melhor foi a que tripliquei com K-Q de espadas, acertando um FLÃÃÂSH no river. Fiquei gigante no torneio (10 blinds) e algumas órbitas depois se formou a FT, quando Jaime Staples foi eliminado. Ele saiu desapontado, incrivelmente.

Na mesa final cheguei com 7 big blinds, mas estava entre os líderes. Os jogadores foram caindo rápido e eu estava oficialmente iludido. Ninguém sabia a premiação exata até estarmos em 4 jogadores, depois que eu eliminei um colega com 99 e ele com QQ. Chamei o Ronaldo e ele veio. Já ITM, mas com algo como 5 blinds, era basicamente ir all-in em todas mãos, que teria sucesso. Logo que pensei isso, recebi um shove no BB. Ele tinha menos fichas. Vi só um A e paguei. Era melhor do que eu esperava. Ele T5 e eu AT. No flop veio um 5 e flush draw para ele e no river outro 5. Estava quase tudo acabado.

Consegui levantar, sacodir a poeira, e dar a volta por cima, dobrando sucessivas vezes, de K9, carta de saída da prisão do Banco Imobiliário, qualquer coisa. Eliminei o italiano gente boa do meu lado. E o HU durou exatamente uma mão, na qual shovei 76 e recebi call de QT. No flop veio o 7 e nada mais apareceu no board. Era oficial: DEU EU EM BARCELONA!

Quando me falaram que ia ter foto do Neil Stoddart, eu não acreditei. Mas tinha também troféuzinho, a espada prateada do PokerStars, uma mochila do EPT e alguns vale-compras. Mas o que valeu foi a curtição de jogar esse torneio com os colegas do mundo todo e team pros e cravar. Barcelona tinha me recebido bem demais.

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