Barcelona me chamou de volta e eu atendi o convite prontamente. Desde 2006, quando ainda jogava, não vinha para cá. Naquela época, Joe Hachem era o melhor jogador do mundo, e eu tive o prazer de ser sorteado para a mesa dele em um torneio menor da grade do EPT. Não durei muito. Fui para a capital catalã com André Akkari, já uma estrela do poker brasileiro, e João Marcelo Lima, um baita jogador e amigo, mais low profile.
Se há 12 anos estávamos na primeira temporada do BSOP, aqui na Europa o EPT não era tão grande. Ele ocupava apenas os limites do Casino Barcelona, localizado estrategicamente defronte ao mar e cheio de casas noturnas, bares e restaurantes modernos. Nada de baladinha “tudo nosso”. Em 2006 o jogador se inscrevia para o European Poker Tour e ainda tinha de resistir à tentação de jogar no cassino. É mole?
Hoje o EPT virou um gigante, e o espaço precisou ser (bastante) aumentado. Em um salão temos 98 mesas, no outro ao redor de 20. Vários torneios são jogados ao mesmo tempo, a equipe de dealers e floors é internacional e capacitada. Diferente da década passada, onde os dealers estavam absolutamente perdidos. Para se ter ideia, na minha mesa uma jogadora alemã convocava os “parça” em cada mão, para ver o que ela tinha e ainda por cima opinavam. A dealer não se manifestava, já que dizia entender alemão e que a menina não estava fazendo “nada de mais”.
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Navegar é preciso, runnar também é preciso…
Para chegar até aqui, graças ao convite do PokerStars, peguei um vôo direto de São Paulo até Barcelona. Foram 10 horas corridas desde a decolagem de Guarulhos, até a chegada ao aeroporto Prat de Llobregat (Llobregat é um rio que corta a região metropolitana de Barcelona).
A runnada aconteceu quando eu menos esperava. Um ogro do meu tamanho precisa runnar no vôo. São várias rezas, desde a ir desacompanhado nos assentos adjacentes, até ir no corredor e tentar o famoso upgrade para a classe executiva. Nada disso deu certo, mas pouco antes do piloto declarar o famoso “portas em automático”, um casal que estava no assento a frente recebeu a “promoção” e foi para a classe executiva.
As comissárias, sempre compadecidas do meu sofrimento, me levaram para o assento e voei maravilhosamente bem. Tendo visto o filme Bingo, o Rei das Manhãs e o clássico do cinema de arte Os Farofeiros. Ajudou a passar o tempo. Quando eu vi, já estava na imigração sendo hostilizado pelos agentes. Não, brincadeira. Tudo correu bem e fui para o hotel com Álvaro, o taxista que odeia futebol e especificamente o Barça.
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Barcelona by night
Depois de tudo isso, cheguei ao Pullmann Skipper Hotel, nas barbas do mar, como diria o poeta, me acomodei e comecei a prepar as pautas. Não sem antes passar no café da manhã, que até SALMÃO DEFUMADO tem. Era, portanto, não um desjejum dos campeões, mas sim dos deuses.
Depois disso, passei pelo cassino, peguei minhas credenciais, sempre capitaneado pelo brilhante Alex Hernando, o chefe de mídia por aqui, encontrei com Akkari, Ariel Bahia, Caio Hey, Roberly Felício, Bruno Desimoni e Camila Kons, todos jogando o colossal EPT National (4.348 entradas registadas) e fui para um jantar para jornalistas que o PokerStars oferecia.
Fui o único donk a pedir carne, num restaurante de sushi, o famoso Shoko, também no queixo do mar. Me enturmei com jornalistas madrilenhos, todos torcedores do Real Madrid e fãs do Casemiro, tomei cerveja ao invés do vinho branco oferecido e contei para eles sobre o tamanho do poker aqui, o que os impressionou. Tudo isso sem cassino? Foi a pergunta que eles fizeram.
No fim, um show de música flamenca, onde os bailarinos (um deles era a cara do ex-jogador de futebol Mendieta) e músicos cantavam duas canções e faziam um break de 20 minutos. Tinham portanto o segundo melhor emprego do mundo. O primeiro lugar, nesse quesito, me pertence.
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